sábado, 29 de janeiro de 2011

Long time no see.


Exatos 50 dias de Índia, mais da metade do tempo que ficarei por aqui, e uma saudade por antecipação.  O subcontinente já me deu tantos presentes, que me sinto com uma espécie de dívida com esse lugar. A sensação de “estar em casa” veio logo já no começo. Fiz amigos maravilhosos e tenho tentado ao máximo explorar todos os locais que posso.

Aqui se encontra gente de todos os estados, com todo tipo de intenções e costumes. Certamente muito mais ocidentalizada do que as cidades do interior – onde, em alguns locais, as pessoas se casam com 7-8 anos de idade, o índice de alfabetização feminina é absurdamente pequeno, carne é realmente sagrada e todos são bem mais apegados às tradições – Mumbai é um reflexo de todo o país. Logo após ver um casamento tradicional no meio da rua, você pode ver um ator de Bollywood descolado com seu grupo de amigos mais modernos que a galera de Tóquio.

Tenho trabalhado bonitinho e feito muita coisa legal aqui para Consulado. Espero que o que eu deixar seja positivo e continue.

Essa semana tivemos o feriado do Dia da República na Índia, 26 de janeiro. A cidade estava em clima de festa – havia crianças distribuindo bandeirinhas indianas por todos os cantos. Aproveitei para visitar o campus de um dos meus amigos, o IIT (Indian Institute of Technology), que fica ao norte da cidade, em uma região bem bonita, com lagos, toda arborizada. Na volta quase tive um acidente sério ao pegar o trem. Segurei na barra de ferro da porta para me apoiar e o trem começou a acelerar, antes mesmo que eu entrasse. Meu corpo hesitou em pular para dentro e eu simplesmente caí na plataforma enquanto o trem foi embora. Poderia ter sido perigoso, eu sei, mas algumas pessoas me ajudaram, não me machuquei muito e ficou tudo bem. Da próxima vez vou pensar 2x antes de trocar o táxi pelo trem – a vantagem é que o último, apesar de mais “emocionante”, é muito mais rápido e barato.

Bem, do dia 04 para cá muita coisa aconteceu...

Estive nas cavernas de Ellora e Ajanta, ambas próximas a Aurangabad, uma cidade nada bonita aqui no estado de Maharashtra. Tive minha primeira experiência em viagem de longa distância com ônibus – você acha que a estrada Belém-Brasília é ruim? Você acredita que o banheiro daquele Posto de gasolina horroroso no meio do nada é sujo? O seu ônibus é desconfortável? As pessoas estão com o desodorante meio vencido e eventualmente roncam? Você não viu nadaaaaa... Enfim, quite an experience. Mas valeu a pena. Ellora fica bem próximo à cidade. Pegamos um rickshaw (um daqueles taxis que possuem 3 rodinhas) e percorremos os 30 km até as cavernas no primeiro dia.  Foi maravilhoso pensar que há vários séculos as pessoas foram capazes de fazer tanta arte com apenas pregos e martelos. São 34 cavernas construídas em períodos diferentes – algumas hinduístas, outras budistas e outras jainistas.



Já no domingo, para ir a Ajanta, a única saída era pegar um ônibus e viajar por 3 horas. As cavernas são mais antigas que as de Ellora - e mais detalhadas, tendo muitas vezes pinturas, além das esculturas. Não é permitido tirar fotos dentro, por causa do flash - muita gente esquece ligado e pode causar danos às imagens. Uma pena que estava muito lotado e algumas das grutas não puderam ser vistas porque estavam em manutenção. Abaixo vai uma foto do complexo de Ajanta, visto de longe.
No outro final de semana, a princípio, eu tinha planos de ir a Khajuraho, Chennai ou Kuala Lumpur. Mas mudei de idéia de última hora; sempre tive muito mais vontade de conhecer um pouquinho da Tailândia. E não me arrependi: Bangkok é uma das cidades mais charmosas que já fui.  Ao desembarcar no aeroporto já estranhei o fato de tudo ser tão high tech. A cidade é toda “pra frentex”. Tradição se misturando com novidade de forma muito mais severa que aqui em Mumbai. Foi meio que um susto sair do país dos panos e dos trens caindo aos pedaços para o dos mini-shorts e trens-bala. Muitos templos budistas espalhados pela old town, imensos shoppings, a maior quantidade de transexuais por m2 e as barraquinhas de churrasquinho de sapo, tudo vivendo harmonicamente. A questão da comunicação foi meio complicada – o inglês dos tailandeses é ininteligível; mas mímica está aí para isso. Já a massagem tailandesa...  é um sucesso. Fiz duas vezes e estou querendo encontrar um lugar por aqui que faça igual.
A cidade realmente me surpreendeu.





No final de semana passado cedi aos prazeres da carne e fui à Goa, um estado de colonização portuguesa aqui da Índia, cuja capital fica a 500km de Mumbai. Foi estranho ver tantos estabelecimentos com nomes familiares. Era Mercearia da Silva pra cá, Drogaria do Souza pra lá... E não era apenas o idioma. Goa tem todo um espírito próprio, um ritmo diferente do restante da Índia. Praias belíssimas do Mar Arábico e os melhores frutos do mar que alguém pode comer. Muito turista e um climinha de pedaço de litoral do Nordeste brasileiro – sem multidão e sem gente de biquíni/sunga. Quase todos, principalmente os locais, entram na água de roupa mesmo. De noite vários restaurantes e barzinhos no pé da praia, todos bem bonitos...

Goa tem várias subdivisões. Eu escolhi ficar no Sul, onde tudo é mais calmo e é possível descansar bem. O hotel era próximo a Margaon, na praia de Colva, mas onde eu decidi passar os dias mais no extremo sul, em Canacona, na praia de Palolem. Minha intenção com essa viagem era não me preocupar com muita coisa, esquecer do trabalho e simplesmente ter um momento agradável – e o Norte provavelmente não me daria isso, já que é mais cheio de gente, há vida noturna intensa, muito barulho.
Palolem é um verdadeiro paraíso. A foto abaixo é da bonita aqui andando pela praia.



Neste final de semana resolvi ficar por Mumbai e dar uma organizada nas minhas coisas. Semana que vem Rafael volta de férias e teremos muito o que fazer no Consulado. Também pretendo visitar Varanasi em breve...

Logo logo vai começar o festival de cinema em Mumbai e eu estou animada. Vários outros eventos legais – que geralmente acontecem antes de maio/junho, por causa das monções – também estão por vir.

No mais... Vai um sapinho frito?


terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Passou o Natal, passou o Ano Novo...
E o que aconteceu? Bem, considerando que eu estou levando a vida de uma “moradora estrangeira de Mumbai”, tenho agido como tal. Trabalho, hotel, hotel, trabalho, casa dos amigos, jantar fora eventualmente e por aí vai.

É cada mais vez mais visível a dificuldade de ser uma mulher - viajando sozinha - na Índia. Escolher quais as cidades são viáveis de se ir só é um graaande processo seletivo. E não, não é frescura. É precaução e segurança. Já contei dos taxistas malandros, mas além disso também tem a questão da língua (nas cidades menores é ainda mais escasso o número de pessoas que falam inglês) e o fato de ser um alvo fácil, uma vez que se chama muito a atenção.

Passei o Natal na casa da Mik e do Rafa e foi muito legal. Tava todo mundo com uma vibração muito boa, muitos comes e bebes, música e gente bacana. Pra variar, eu fiquei cansada e com sono acumulado no meio da festa. Resultado de dias cheios. Mas isso não é nenhuma novidade, não é mesmo?
 Natal chic!
 Os anfitriões queridos!
Hhhmmm...

Durante a semana passada tive momentos ótimos. Passeios bons, fui ao shopping, aproveitei o preço baixo das coisas, reencontrei um amigo muito nerd (e engraçado), comi bem até falar chega e, no final de semana, a festa de fim de ano. Estou no futuro, então entrei em 2011 7h30 antes de o pessoal no Brasil. Passei na casa dos amigos indianos e foi ótimo. É engraçado ver a diferença no comportamento do jovem indiano “indoors”. Eu, preocupada, fui de vestido branco e uma pashmina, pra cobrir os ombros, coisa que quase sempre faço ao sair na rua. Chegando lá, a surpresa: as meninas de vestidinho, os meninos todos descolados e eu “a la indiana”. Foi bem divertido; antes eu estava com algum medo de ficar deslocada, mas isso não aconteceu. Como todas as fotos de início de festa, só a galera bonita e saudável:


(Ou nem tanto... hehe)


Passei o restante do fim de semana quase inteiro na casa da Mik vendo filme, falando/escutando da vida e comendo bem (cozinheira de mão cheia!). Fui agraciada com a feijoada (maravilhosa!) no domingo e olha a felicidade:
Percebi que me acomodei um pouco e não gosto disso. Não quero começar a achar normal esse universo de coisa diferente em que estou vivendo. É estranho olhar para a rua e ter a sensação de que estou acostumada. Eu não quero me esquecer da sensação de deslumbre que foi o trajeto do aeroporto ao hotel no primeiro dia que cheguei nesta cidade.

Senti falta de viajar, uma vez que passei os últimos tempos por aqui, e relembrei que, antes de vir, tinha feito diversos planos de viagens de fim de semana. Voltei a fazê-los de uns dias pra cá; algumas farei sozinha, outras com amigas indianas, outras com Miki e Rafa. Espero que dê tudo certo.

Minhas metas para os próximos finais de semana são:

7-9/01 Ellora e Ajanta
14 –16/01 Kuala Lumpur
21 – 23/01 Khajuraho
29-30/01 – Chennai e Mamallapuran

Os seguintes destinos ainda não têm data definida, mas acontecerão em fevereiro e início de março:

Bangkok
Varanasi
Delhi e Agra
Jaipur
Goa
Ilha de Elefanta

Falando em listas, as coisas que mais gosto em Mumbai, atualmente, são: lichia e pitaya liberados. Mik e Rafa. O hotel. Morar no hotel. O preço das coisas. Olhar a rua e ainda me deslumbrar com cultura diferente. As línguas. O caos. O fato de eu não me importar tanto com o barulho e com a quantidade de gente. Sumedha, Saranya e Pandya. A comida (isso inclui lichia e pitaya liberados – além do café da manhã do hotel). As cores. O cheiro ruim que já virou quase bom. O clima de felicidade que vem do nada. O do trabalho, que está cada vez melhor. A temperatura, que ainda está agradável. Ganhar em dólar. Ter a sensação de que esses podem ser três dos melhores meses da minha vida. Ver o quanto meu inglês tem melhorado (e meu progresso em entender o inglês indiano). O povo daqui.

Ainda assim, uma das coisas que mais me assusta é o valor que o indiano dá a todos aqueles que são considerados “brancos”. Ser branco aqui na Índia é sinônimo de ser superior. A “fair skin” é um dos maiores atributos que alguém pode ter. É esquisito; porque “os brancos isso” / “os brancos aquilo”...  Se você é de uma casta inferior, mas é branco, isso já te faz (um pouco) mais respeitável. Veja só:

Na propaganda acima nota-se que “passaporte estrangeiro é na fila ao lado” e ela comenta “ah, sou indiana...” – vejam a transformação total da morena pra albina. Ahan...

Na acima, a garota começa a ter chances de virar uma jornalista esportiva famosa depois que conheceu o creme para "embranquecer".

É isso. Quem tiver mais interesse, um vai um vídeo-documentário um pouco maior:



Obs.: Cortei meu cabelo e curti. Teve gente que achou radical e teve gente que não viu diferença. Tá no ombro.


Obs2.: Não, não vou voltar com 50kg a mais. Estou fazendo academia (Oh!).

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Conhecer o Nepal nunca foi um dos grandes sonhos da minha vida. Eu sempre olhava a bandeirinha diferente lá no mapa e pensava “que coisa engraçada!”- mas nada me atraía o suficiente para que surgisse um desejo de conhecer o lugar. Depois de voltar à Índia, deitar na minha cama e fazer o balanço final da viagem, digo com toda certeza: essa falta de vontade existia pelo simples motivo de que eu não tinha idéia do que iria encontrar por ali – ou SE iria encontrar alguma coisa.

Resultado: me surpreendi demais. E foi maravilhoso.
A primeira impessão que eu tive ao desembarcar no (mini) aeroporto de Kathmandu foi: “tem alguma coisa errada por aqui; as pessoas parecem agitadas”. E sim. Segundo o guia que estava comigo, as coisas no Nepal tem estado diferentes de 2 anos para cá, quando a monarquia caiu e iniciou-se um novo regime – cuja percentagem é de 40% a favor e 60% contra. Ainda não existe Constituição, e pelo visto vai demorar.

Além disso, por questões de segurança, muita gente decidiu se mudar para a capital, fazendo com que Kathmandu sofresse um boom demográfico para o qual não estava preparada. Resultado: praticamente não há asfalto, a quantidade de hospitais e médicos é insuficiente, a população vive em extrema miséria, falta luz por pelo menos 2 horas em todos os bairros da cidade, a inflação é absurda, o trânsito caótico e mais todos os problemas de uma cidade que não consegue comportar o número de habitantes.

De qualquer forma, minha intenção era conhecer os resquícios dos reinos antigos e a cultura nepalesa, muito específica. A população é bem dividida entre hinduístas e budistas e tudo por ali exala religião. As pessoas se comportam de forma muito diferente, principalmente na maneira de vestir. Lembra um pouco a Índia, porém mais tradicional.
A época estava ótima: não era alta temporada – que geralmente cai em outubro e novembro – e a temperatura estava cerca de 13º a 15ºC. Os turistas eram majoritariamente europeus e americanos que procuravam um destino exótico ou hippies (aos montes!).

Os dois melhores lugares que fui foram Patan e Bakhtapur, antigas "cidades reais", cuja estrutura ainda permanece original.






A tradição é rodar os mantras (acima). Dizem que, ao rodá-los a sorte da vida de multiplica. Rodei todos. Agora é esperar para ver.

Também gostei muito dos monumentos budistas: o Boudha Stupa (do post anterior) e o Swayambhu (abaixo). Vários monges presentes buscando elevação. Muito bonito de ver.
Também subi (sim, de carro) até o topo de Nagerkot, para ver o Himalaia "mais de perto". A estrada é a mais maluca de todas. Mão dupla, cheia de curvas, sem sinalização. Tudo na base da buzina mesmo.
E, uma das experiências mais traumáticas: vi o sacrifício do cachorro em homenagem à deusa.
O maior problema no decorrer da viagem estava no aeroporto, que certamente não está preparado para a quantidade de vôos que tem. Primeiro que só quem está embarcando pode entrar – e há uma multidão na porta, famílias inteiras que querem passar até o último segundo com quem está indo viajar, quase um funil, que você tem que se espremer para conseguir passar. Depois que, provavelmente pela enorme quantidade de pessoas e o pequeno montante de empregos, "cria-se" empregos fictícios que fazem, por exemplo, você passar pelo detector de metal em pelo menos 5 momentos diferentes, ser revistado umas 3 e ter seu bilhete carimbado 4 - sem exageros. E sempre, sempre a superlotação. O vôo atrasou 2 horas e, assim como muita gente, eu tive que esperar sentada no chão. Existe apenas uma lanchonete e o que eles chamam de "duty free"é do tamanho do meu quarto. 

Chegando no avião tivemos que esperar mais 1h30 por conta de problemas com a torre de comunicação. Resultado: fúria.

A grande coincidência de tudo isso foi que, ao meu lado, estava sentado nada mais nada menos que um outro brasileiro. Pessoa muito bacana, trabalha em uma ONG que cuida de crianças órfãs e morava no Nepal há 4 meses (fora do Brasil há 17 anos). Estava de mudança para a Uganda e, pelo que percebi, leva uma vida bem nômade e feliz.

Devo admitir que o aeroporto de Mumbai também não é dos melhores, mas se você for espertinho, tudo se resolve de modo a não ser muito passado pra trás - leia-se: em algum momento você vai ser; só resta saber se será muito ou pouco. 

O maior problema daqui provavelmente é o motorista de táxi, que quer levar o máximo de dinheiro possível (muitas vezes não liga o taxímetro; ou só avisa no meio da viagem o valor fixo absurdo que, se você não pagar ele pode te deixar ali, no meio do nada; ou quando simplesmente se recusa a fazer uma corrida curta). Se acostumar com a malandragem pode levar algum tempo...

Essa semana de trabalho foi corrida, tivemos de resolver várias coisas a respeito do fechamento financeiro, das inovações propostas pelo novo chefe, do setor cultural e da assistência a brasileiros. 

Aconteceu algo inusitado: três jovens modelos brasileiras (20, 18 e 15 anos), acreditando que estavam prestes a fazer carreira internacional, vieram para a Mumbai e ficaram nas mãos desse "agente" que estava fazendo com que elas ficassem praticamente em cárcere privado - proibidas de sair do apartamento onde estavam, não recebiam pelo trabalho que faziam, estavam sendo maltratadas, agredidas moralmente, sendo coagidas a não entrar em contato com ninguém, vivendo em um ambiente sem nenhuma higiene, sem água filtrada e, se não estou muito enganada, chegaram muito perto de serem abusadas sexualmente.

O pai de uma delas, meio desesperado e sem notícias, ligou para o Vice-Cônsul que foi averiguar juntamente com a polícia local. Resultado: foi descoberta uma rede de tráfico de pessoas - que possui, inclusive, ajudantes no Brasil (supostos "agentes" brasileiros que incentivam as meninas a virem para os países asiáticos, onde são tratadas como lixo; quando não são levadas para a prostituição). 

Segundo o Rafael, parecia um filme de Bollywood. Foi feita toda uma operação: 5 carros de polícia, mais os dois carros do consulado, mais autoridades locais. Logística perfeita para capturar todos envolvidos e deu tudo certo: as meninas estão bem - obviamente com o psicológico todo ferrado - e vão para o Brasil no sábado.

O mais interessante é que esses "agentes" do Brasil pedem incisivamente que ninguém nunca entre em contato com o Consulado porque aqui nós poderíamos "dar um carimbo no passaporte das meninas e acabar com a carreira internacional de cada uma (?)". Falácia, afinal, o consulado está aqui para ajudar os brasileiros - e não para dificultar a vida de ninguém.  

Eu, particularmente, acho que os pais dessas meninas foram muito irresponsáveis e inconsequentes em permitirem uma coisa dessas - até porque Mumbai não é Milão. Deixaram suas filhas nas mãos de um desconhecido indiano. 

Outra coisa foi que, para virem para cá, elas assinaram um contrato que sequer leram - e assinando o mesmo, elas fizeram uma "dívida" de pelo menos 15 mil reais cada uma. E adivinhem só: se elas não conseguissem pagar com o tempo que estivessem "modelando" por aqui... o que será que aconteceria? Ein? One guess.
Bem, o desfecho foi positivo e isso é o que importa.

O clima por aqui está maravilhoso, muito fresquinho e úmido. Quero só ver quando fechar o final de fevereiro, rs.

Conheci uma indiana muito legal, a Sumedha, que é amiga do Pandya. Ela tem me ensinado várias coisas da cidade e temos feito passeios ótimos depois do trabalho - ela trabalha no World Trade Center de Mumbai, que fica muuuito pertinho do meu hotel.

Hoje a festa de Natal será na casa do Rafael e eu já estou bem animada. Comprei meu presente de amigo secreto, o bacalhau está sendo preparado, o salpicão, além do restante de coisas que o pessoal vai levar... ou seja, as comidas prometem. 

Combinei com os meus amigos indianos que irei passar o ano novo com eles. Não quero passar sozinha de novo e, qualquer lugar que eu fosse viajar, seria by myself. Eles vão fazer uma festa na casa da Sumedha e, aparentemente, será temática.
Desejo a todos um ótimo Natal :-)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

de segunda a quinta-feira

Tô valendo menos que 1 rúpia indiana por não ter escrito nada antes de vir ao Nepal, mas a primeira semana de trabalho pesado não foi das mais fáceis (eufemismo lindo!).
Obs.: 1 rúpia = menos que 4 centavos.

O Embaixador chegou em Mumbai praticamente junto comigo, ou seja, o chefe é novato. E com isso surgem vários “problemas” que muitas vezes não têm solução rápida, como mudanças abruptas em relação à organização e procedimentos. Fiquei a semana inteira tomando conta disso e, como se não bastasse, o Conselheiro decidiu tirar férias a partir de sexta passada, ou seja, ele queria deixar tudo organizado para sua partida. 

Além disso, estamos vivenciando um clima meio tenso por conta de conflitos entre os contratados locais e um diplomata. Espero que isso acabe logo.

Apesar do trabalho, consegui a proeza de fazer algo bacana todos os dias após o expediente. Desde a saga gastronômica de conhecer todas as comidas do mundo (fui a um tailandês e estou sonhando com ele até agora) até um programa com os meus amigos indianos em Bandra – ótimo bairro da cidade, onde existe uma concentração honesta de barzinhos e restaurantes para sair à noite. É onde moram os artistas e o pessoal mais jovem. Só que... Bandra fica geralmente a 1h de Colaba (onde moro) e eu peguei um engarrafamento “daqueles” para chegar até lá. Os engarrafamentos em Mumbai não são como os do Rio; eles são realmente LOUCOS. Os carros conseguem fazer 6 fileiras em lugares que só possuem 4 pistas, por exemplo. Há a loucura de juntar animais, com milhares motocicletas, bicicletas, carroças, tuk-tuks e carros enlouquecidos que simplesmente ignoram qualquer sinal de trânsito. Além de que, para o motorista local, buzinar é quase como respirar. Ou seja, Luiza em pânico por 2h.

De qualquer forma, valeu muito a pena. Conheci um pessoal muito legal, fiz planos para a semana que vem e percebi que os indianos mais “ocidentalizados” são muito parecidos com os brasileiros; principalmente em relação ao comportamento (até as brincadeiras são iguais!).

Quinta-feira, na véspera da viagem ao Nepal, saí com o Rafael e a Mik e fomos a um italiano aqui do meu hotel que é maravilhoso. Os dois têm me dado a maior força. Combinamos da festa do Natal e pelo visto, vai ser ótima. Quanto ao ano novo, minha programação é: ____

Hoje foi o “Muharram”, o ano novo islâmico, que é um feriado nacional na Índia. Então eu decidi aproveitar meu único final de semana prolongado e viajei para o Nepal. Escrevo agora, sexta à noite, porque houve o “toque de recolher”, que em suma significa que todas as mulheres sozinhas devem voltar para casa. Além disso, amanhã quero começar a andar logo cedo.


Vou deixar a viagem para o texto de domingo, quando voltar para casa, mas seguem algumas fotos tiradas hoje:



As quatro acima são com complexo de Pashupatinath, um grande templo em homenagem a Shiva (todos os dias ocorrem várias cremações - inclusive, eu vi a de uma jovem; os corpos chegam envoltos em rosas e a cremação acontece no lugar público mesmo). As cinzas são jogadas do rio santo - abaixo. Os hinduístas acreditam que dessa forma o caminho para o céu será mais curto. Vale ressaltar que enquanto o corpo é cremado, todos os presentes estão felizes. Sério.


 Minha máquina conseguiu picotar 5 das melhores fotos do dia, mas OK.
Finalmente uma foto comigo!
As três acima são do complexo do Boudha Stupa, um dos monumentos budistas mais sagrados de Kathmandu.

Obs.: Para aqueles que ainda não se deram conta (?), se clicar na foto, ela fica maior :)

Obs 2.: A bandeira do Nepal é tendência. Acho que deveríamos adotar o modelo!


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Foi um final de semana meio agitado. Mumbai tem sido cada vez menos difícil de aceitar/amar e se tornado cada dia mais querida – muito devo ao guia da Lonely Planet, ao casal de amigos brasileiros e aos conhecidos indianos, em especial ao Aditya Pandya, que tem me explicado as coisas com bastante paciência. Seguem abaixo duas fotos aleatórias de ruas próximas de onde moro:

Obs.: A foto acima comprova que o black & yellow não é sempre de três rodas. Pelo centro da cidade circulam os mais... confortáveis, com 4 rodas e tudo. Abaixo está o ônibus convencional.
Sexta-feira à noite teve happy hour na casa do Rafael, que trabalha comigo. Ele e a esposa têm um núcleo de amigos (brasileiros, israelenses e indianos) bem legais, o que deixou tudo bastante confortável, com direito até à música ao vivo. Alguns estavam bem nostálgicos, já que boa parte do pessoal mora aqui há mais que 3 anos. Acredito que vamos passar o Natal e curtir a feijoada juntos – até tiramos o amigo secreto, mas eu não faço a menor idéia do que comprar.

Sábado foi o dia de dar um jeito no jet lag. Meu horário de sono estava todo alterado e eu tentei, de alguma forma, dormir o suficiente para me acostumar. 

De noite já havia programado o “jantar com o Embaixador" e tudo correu bem. Os convidados foram os brasileiros do Consulado e o local escolhido foi um restaurante francês (o único da cidade). Eu, que não entendo bulhufas de culinária francesa, estava um pouco receosa. Mas foi tranqüilo escolher a entrada, o prato principal, o vinho e a sobremesa no escuro, hahah. Foi um encontro informal e estava tudo bem gostoso. Só foi meio chato perceber que eu era a única da mesa que não falava a língua do cardápio fluentemente... Todos faziam os pedidos em francês e até o atendente encheu meu saco porque eu não sabia falar. Tipo, suuuuper legal (?).

Hoje foi um dia D na minha estadia aqui em Mumbai. Abusei da boa vontade de Pandya e fomos dar uma volta por Colaba – onde eu não pagaria uma fortuna no que eventualmente comprasse; é mais difícil de ser passada para trás na companhia de um indiano.

Fui ao Gateway of India, talvez o único ponto turístico de Mumbai. Havia um mundo inteiro de pessoas – algumas querem te vender coisas de toda natureza. Cheguei a ouvir algo como “você quer atuar em um filme de Bollywood?” – dizem que é normal o turista que vem aqui e paga uma taxa para aparecer de figurante em filme bollywoodiano. Weird. 

Acima a foto do Gateway e abaixo um cinema que só passa filme de Bollywood (em hindi):
Andei pelo mercado a céu aberto de Colaba (a região onde moro, ao sul de Mumbai), que é uma loucura. A maior concentração de badulaque já vista. Por sorte decidi não comprar nada, já que ainda quero voltar com mais calma ao final de viagem.

Almoçamos em um restaurante indiano-internacional bem legal, onde as paredes eram todas pintadas por Mario Miranda, um artista plástico de Goa, pequeno Estado indiano colonizado pelos portugueses. A comida estava ótima, mas HAJA PIMENTA.

Consegui finalmente comprar meu chip de celular – aqui na Índia é uma novela. Tem que ter comprovante de residência e mais um monte de documentos. Agora ninguém tem desculpa além da tarifa caríssima para não me ligar! Hahaha.

Durante a noite resolvi dar um passeio pela Marine Drive, a "Copacabana de Mumbai". O tempo ajudou muito, já que ainda está fresquinho. O pôr-do-sol estava lindo...

Bem, amanhã é segunda e essa semana terei bastante trabalho. Sexta é feriado por aqui e eu já comprei minhas passagens pro Nepal. Espero que seja uma viagem muito boa. 

Aaah, fui convidada para um casamento tipicamente indiano em janeiro e já estou ansiosa! É uma festança de uma semana e terei que usar um sari tradicional. Mágico! Já pensou? Rsrs

Olha a pose da bonita:

Pode?