terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Passou o Natal, passou o Ano Novo...
E o que aconteceu? Bem, considerando que eu estou levando a vida de uma “moradora estrangeira de Mumbai”, tenho agido como tal. Trabalho, hotel, hotel, trabalho, casa dos amigos, jantar fora eventualmente e por aí vai.

É cada mais vez mais visível a dificuldade de ser uma mulher - viajando sozinha - na Índia. Escolher quais as cidades são viáveis de se ir só é um graaande processo seletivo. E não, não é frescura. É precaução e segurança. Já contei dos taxistas malandros, mas além disso também tem a questão da língua (nas cidades menores é ainda mais escasso o número de pessoas que falam inglês) e o fato de ser um alvo fácil, uma vez que se chama muito a atenção.

Passei o Natal na casa da Mik e do Rafa e foi muito legal. Tava todo mundo com uma vibração muito boa, muitos comes e bebes, música e gente bacana. Pra variar, eu fiquei cansada e com sono acumulado no meio da festa. Resultado de dias cheios. Mas isso não é nenhuma novidade, não é mesmo?
 Natal chic!
 Os anfitriões queridos!
Hhhmmm...

Durante a semana passada tive momentos ótimos. Passeios bons, fui ao shopping, aproveitei o preço baixo das coisas, reencontrei um amigo muito nerd (e engraçado), comi bem até falar chega e, no final de semana, a festa de fim de ano. Estou no futuro, então entrei em 2011 7h30 antes de o pessoal no Brasil. Passei na casa dos amigos indianos e foi ótimo. É engraçado ver a diferença no comportamento do jovem indiano “indoors”. Eu, preocupada, fui de vestido branco e uma pashmina, pra cobrir os ombros, coisa que quase sempre faço ao sair na rua. Chegando lá, a surpresa: as meninas de vestidinho, os meninos todos descolados e eu “a la indiana”. Foi bem divertido; antes eu estava com algum medo de ficar deslocada, mas isso não aconteceu. Como todas as fotos de início de festa, só a galera bonita e saudável:


(Ou nem tanto... hehe)


Passei o restante do fim de semana quase inteiro na casa da Mik vendo filme, falando/escutando da vida e comendo bem (cozinheira de mão cheia!). Fui agraciada com a feijoada (maravilhosa!) no domingo e olha a felicidade:
Percebi que me acomodei um pouco e não gosto disso. Não quero começar a achar normal esse universo de coisa diferente em que estou vivendo. É estranho olhar para a rua e ter a sensação de que estou acostumada. Eu não quero me esquecer da sensação de deslumbre que foi o trajeto do aeroporto ao hotel no primeiro dia que cheguei nesta cidade.

Senti falta de viajar, uma vez que passei os últimos tempos por aqui, e relembrei que, antes de vir, tinha feito diversos planos de viagens de fim de semana. Voltei a fazê-los de uns dias pra cá; algumas farei sozinha, outras com amigas indianas, outras com Miki e Rafa. Espero que dê tudo certo.

Minhas metas para os próximos finais de semana são:

7-9/01 Ellora e Ajanta
14 –16/01 Kuala Lumpur
21 – 23/01 Khajuraho
29-30/01 – Chennai e Mamallapuran

Os seguintes destinos ainda não têm data definida, mas acontecerão em fevereiro e início de março:

Bangkok
Varanasi
Delhi e Agra
Jaipur
Goa
Ilha de Elefanta

Falando em listas, as coisas que mais gosto em Mumbai, atualmente, são: lichia e pitaya liberados. Mik e Rafa. O hotel. Morar no hotel. O preço das coisas. Olhar a rua e ainda me deslumbrar com cultura diferente. As línguas. O caos. O fato de eu não me importar tanto com o barulho e com a quantidade de gente. Sumedha, Saranya e Pandya. A comida (isso inclui lichia e pitaya liberados – além do café da manhã do hotel). As cores. O cheiro ruim que já virou quase bom. O clima de felicidade que vem do nada. O do trabalho, que está cada vez melhor. A temperatura, que ainda está agradável. Ganhar em dólar. Ter a sensação de que esses podem ser três dos melhores meses da minha vida. Ver o quanto meu inglês tem melhorado (e meu progresso em entender o inglês indiano). O povo daqui.

Ainda assim, uma das coisas que mais me assusta é o valor que o indiano dá a todos aqueles que são considerados “brancos”. Ser branco aqui na Índia é sinônimo de ser superior. A “fair skin” é um dos maiores atributos que alguém pode ter. É esquisito; porque “os brancos isso” / “os brancos aquilo”...  Se você é de uma casta inferior, mas é branco, isso já te faz (um pouco) mais respeitável. Veja só:

Na propaganda acima nota-se que “passaporte estrangeiro é na fila ao lado” e ela comenta “ah, sou indiana...” – vejam a transformação total da morena pra albina. Ahan...

Na acima, a garota começa a ter chances de virar uma jornalista esportiva famosa depois que conheceu o creme para "embranquecer".

É isso. Quem tiver mais interesse, um vai um vídeo-documentário um pouco maior:



Obs.: Cortei meu cabelo e curti. Teve gente que achou radical e teve gente que não viu diferença. Tá no ombro.


Obs2.: Não, não vou voltar com 50kg a mais. Estou fazendo academia (Oh!).

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